Nossa história

 

NOSSA COMUNIDADE TEM HISTÓRIA

Linha do tempo dos judeus no Rio de Janeiro

Entre o ano de 1496 e 1808, a partir da expulsão dos judeus de Portugal, estes ficaram proibidos de habitar qualquer porção do Império português. Além do Brasil, foram proibidos aos judeus a região africana da Grande Angola, que atravessava a África do Atlântico ao Índico, parte de Madagascar, partes do litoral oeste da Índia, Goa e o Timor. O Tratado de Tordesilhas, dividindo o Mundo Novo, encontrado e confirmado por Cristóvão Colombo em 1492, foi firmado entre o Reino de Portugal e o Reino de Castela, no do de 1494. Como os judeus já haviam sido expulsos do Reino Unido de Aragão e Castela em 1492, a proibição de habitação aos judeus também se deu em todo o Império Espanhol até o início do século 19.

Fugindo da invasão francesa comandada por Napoleão Bonaparte, a Família Imperial portuguesa com a Corte, vão para Salvador, onde ficam por seis meses ainda em 1807 e depois para o Rio de Janeiro em 1808, transformando a cidade na capital do Império Português. Esta mudança radical no Brasil foi propiciada pela vinda de 15.000 portugueses para uma cidade então com 50.000 habitantes, inclusive trazendo toda a Guarda Imperial palaciana, que posteriormente daria origem a Polícia Militar.

No mesmo ano, 1808, aliando-se à Inglaterra, inimiga da França de Napoleão, a Coroa Portuguesa assina o tratado econômico de Abertura dos Portos às nações amigas, na cidade de Salvador, nos primeiros dias doa ano, partindo para o Rio de Janeiro no dia 29/jan.

1810-ago – Assinado o Tratado de Aliança e Amizade e, o Tratado de Comércio e Navegação entre Portugal e Inglaterra. O artigo 9o do primeiro tratado deixava de reconhecer a Inquisição no território brasileiro. O artigo 12º do segundo tratado concedia liberdade religiosa no Brasil aos súditos ingleses protestantes. Provavelmente a Coroa nem lembrava que havia judeus por aí. Com isso, a partir de 1810, algumas famílias judias inglesas, da área comercial de importação e exportação e também da área bancária, enviam homens jovens adultos ao Rio de Janeiro para estabelecer as pontas comerciais de tais empresas na capital do Império Português, o Rio de Janeiro.

Estas famílias, provavelmente eram em parte descendentes de judeus sefaraditas tanto dos expulsos da Espanha, quanto de Portugal pouco mais de 300 anos antes. A maior parte dos judeus britânicos é sefaradita. Até os dias de hoje nunca foi encontrada qualquer documentação que mostre a formação de uma comunidade ou estabelecimento de uma sinagoga. Mas devemos inferir que sendo cerca de 40 a 70 judeus, cidadãos britânicos, partilhando da língua inglesa, que eles se integraram como uma comunidade.

Apesar dos enterros no Brasil serem apenas de católicos ou escravos batizados, em terrenos, pisos ou paredes de igrejas até o ano de 1863, a Coroa permitiu a criação do Cemitério dos Ingleses, no então afastadíssimo Saco da Gamboa (encosta virada para o mar do Morro da Providência, local acessado apenas por barco. Lá estão enterrados os ingleses anglicanos e setenta judeus desta imigração inicial com caráter temporário e comercial. Não havia a intenção de permanecer no Brasil e só três ou quatro famílias o fizeram, todavia perderam o contado com o judaísmo.

Os cristãos-novos não eram considerados judeus (obviamente) nem pela Coroa portuguesa nem pela Igreja. Existia um livro de leis, o Estatuto dos Cristãos-Velhos e Cristãos-Novos. Um exemplar original se encontra do Museu da Inquisição, em Belo Horizonte. Os judeus, também de origem português e espanhola que acompanharam as tropas holandesas de Fernando de Nassau, não estiveram, politicamente no Brasil e sim, por apenas 24 anos, no território denominado Nova Holanda. O país de Orange permitia liberdade religiosa total.

O historiador Salomão Serebrenik, em 1952, foi o único a se arriscar na seguinte questão: se não havia mais Inquisição no Brasil a partir de 1810, qual teria sido o motivo de não ter havido um retorno dos descendentes de marranos ao judaísmo naquele momento? E a resposta de Salomão é muito coerente. A imensa maioria da população no Brasil era analfabeta. Não existia nem a informação, nem o acesso a informação que os Bnei Anussim possuem contemporaneamente. Os judeus eram cidadãos de segunda categoria em todos os países onde habitavam, menos na Inglaterra e na França. O Estatuto dos Cristãos Velhos e Cristãos Novos deixou de se aplicado, passando a existir apenas um “tipo” de cristão. Portanto, foi introduzida a liberdade de ser um cristão não vigiado aos descendentes de cristãos novos, praticamente uma libertação para eles dentro da própria religião que praticavam.

População Judaica do Rio de Janeiro, de acordo com dados do IBGE a partir de 1940 e da JCA antes disto: 1860 (menos de 100), 1890 (menos de 1.000), 1910 (em torno de 2.000), 1940 (19.743), 1950 (25.222), 1980 (27.689). Em 1900 havia 3 milhões de judeus nos EUA. O Brasil era a quarta preferência para a imigração nas Américas. depois de Argentina, Canadá e Estados Unidos. De 1875 a 1885 apenas 34 judeus, 18 esposas e 41 filhos (total 93) foram naturalizados brasileiros com domicílio no Rio de Janeiro. A existência de imigrantes antigos naturalizados e estrangeiros no Brasil existia até os anos 1990

1824 – Constituição Política do Império, art. 5o (no original): “A Religião Chatholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Imperio. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem fórma alguma exterior de templo.” Portanto a lei imperial obrigou o culto judaico, anglicano, evangélico (protestante), africano, muçulmano e outros, para as casas particulares e impediu a construção de qualquer sinagoga ou templo de outras religiões.

1828 – fundada a sinagoga Porta do Céu (Shar ha Shamaim) por judeus marroquinos, a primeira em Belém, em uma casa obedecendo o art 5o da Constituição do Império. Apenas após a independência do Brasil se iniciou o fluxo de migração do Marrocos para a Amazônia. Várias famílias do Pará e Amazonas, ao longo do século seguinte, iriam se estabelecer no Rio de Janeiro, tanto como capital do Império Brasileiro, como capital da República.

1863 – Data estabelecida pelos historiadores Egon e Frieda Wolf, para a criação da União Israelita do Brasil, tanto como sinagoga, como assistencial aos imigrantes.

1867 – Se estabelece uma sede da Aliança Universal Israelita, instituição francesa dedicada a imigração de judeus da Europa para as Américas e o estabelecimento de colônias agrícolas para judeus que não eram agricultores.

1873-jan-28 – Concessão do alvará para União Israelita do Brasil, assinado pelo Imperador D. Pedro II. Ao contrário da crença popular da União (hoje União Israelita Shell Guemilut Hassadim), ter sido criada pelos imigrantes do Marrocos, ela foi fundada por imigrantes franceses da Alsácia-Lorena, região de exploração de carvão e ferro cedida à força pela França à Alemanha, em 1871, após a derrota da francesa na Guerra Franco-Prussiana. A chegada dos vencedores germânicos, fez com que parte da população fosse embora de lá, inclusive para o Brasil, tanto judeus quanto não judeus. (foto)

1873 – Criada a Irmandade de Proteção Israelita com a finalidade de estabelecer uma sinagoga e um cemitério judaico no Rio de Janeiro (nenhum dos dois chegou a ser realizado). É muito provável que esta instituição esquecida tenha sido responsável pelos sepultamentos de judeus na ala de acatólicos do Cemitério Público de São Francisco Xavier, entre os anos de 1873 (primeiro túmulo de um judeu, o alemão Sigfried Nathan), até a criação da ABFRI – Associação Beneficente Funerária Israelita que também utilizou aquele cemitério, desde 1906, até 1916, quanto abriu o Cemitério Israelita de Inhaúma, passando a sepultar judeus e judias em ambos os cemitérios. Hoje, há mais de 2.000 túmulos judaicos no São Francisco Xavier cuidados pela Comunal Israelita. (foto)

1889 – Criada a Sinagoga Irmãos Israelitas da Ilha de Rodes (existiu até os anos 1940).

1890-jan-07 – Decreto nº 119-A, de autoria de Ruy Barbosa, institui a liberdade culto no Brasil. Até o momento havia apenas a liberdade de credo e só o culto católico apostólico romano podia estar nas ruas.

1890 – Diretoria publicada oficialmente da União Israelita à rua do Hospício, 81. Presidente, Marcos Rosenwald; vice, E. S. Hanau; Tesoureiro, Albert Welisch; Primeiro-Sec, Isidore Hass; Segundo-Sec, Maximién Bloch; Conselheiros: H. Hass, Henry Levy, C. Haguenauer e Dr. Harelburg. (foto da publicação oficial dos nomes)

1891 – Sinagoga dos Marroquinos, à rua General Câmara 3 B (ainda era chamada de Cidade Nova).

1900 – A JCA – Jewish Colonization Agency (Agência de Colonização Judaica), criado em São Petersburgo, Rússia e financiado pelo Barão Hisrh começa as atividades do Rio Grande do Sul, 10 anos após começar na Argentina. Também era chamado por ICA – Instituto de Colonização Agrícola. O JCA tinha escritório, no Rio de Janeiro, a capital.

1902 – Chega ao Rio de Janeiro o rabino Mordechai Guertzenstein (1868-1944) contratado pela JCA para ser o grão-rabino (rabino-chefe) dos projetos da JCA na América do Sul. Atuou no Brasil e Argentina, entre os anos de 1902 e 1944, nas colônias da JCA e também nas diversas cidades brasileiras onde havia comunidades judaicas. É dele e da esposa dele o único mausoléu do Cemitério Israelita de Vila Rosali, da Chevra Kadisha.

1903 – Até este ano a comunidade judaica habitava as ruas Buenos Aires, Alfândega, Luis de Camões e Regente Feijó, basicamente. Alguns poucos imóveis ainda existem. A cidade terminava no Campo de Santana. A estação de trens D. Pedro II, ficava fora da cidade.

1904 – Sinagoga formada na casa de José Gustavo Cahen, à rua Luis de Camões 56, que é a pré-localização da organização comunitária das prostitutas judias. O rabino contratado era o inglês David Hornstein que permaneceu por dois anos no Brasil. A sinagoga era a sala da frente da casa, descrita em pormenores num artigo de jornal. Existiam outros dois rabinos conhecidos no RJ: Moysés, de origem espanhola-marroquina, da União Israelita e Salomão “o hassid”. Cahen passou a exercer funções de rabino até seu falecimento em 1912.

1904 – Sinagoga dos Franceses, à rua Visconde de Maranguape 3, Lapa.

1906 – Criada a Sinagoga da ABFRI – Associação Beneficente Funerária Israelita funcionou até 1974 quando último endereço, em prédio construído como sinagoga foi demolido pelas obras do Metrô na Praça Onze. A sede burocrática da ABFRI era inicialmente à rua Luis de Camões 68, uma pequena casa vizinha à sinagoga de José Cahen. Depois se mudou para a Praça da República 51 sobrado (prédio que ainda existe como anexo do Tribunal de Contas). A legalidade era tão grande que este prédio está na mesma calçada da então Chefatura de Polícia, um quarteirão para a direita (prédio ainda existe) e a dois quarteirões da então Prefeitura do Rio de Janeiro. Um jornal escreveu: “Como podem os bailes mais animados do Rio acontecerem numa funerária?” (fotos)

1907 – Chega ao Rio, contratado para a sinagoga da ABFRI, o rabino inglês David Solomon Epstein, vindo da Palestina Turco Otomana, com carta de apresentação do grão-rabino da Turquia,  Moysés Levy, e do grão-rabino de Jerusalém, Jacob Saul Eliajachar. Passa a fazer abate kosher nas residências (muito comum antigamente), circuncisões e a dar aulas de hebraico. Cria curso para mohel. Rua da Carioca, 35. Permanece por quase 3 anos.

1910 – Fundado o Centro Israelita do Rio de Janeiro, como sinagoga em sobrado, por imigrantes ashkenazitas, liderados por Anno (Hano) Lent. Ao longo dos anos iria arregimentar imigrantes de outros países europeus ocidentais. É desta instituição que surgem a Tiferet Sion (1913), a Chevra Kadisha (1920) e o Grande Templo Israelita (1932).

1910 – Ao mesmo tempo que a comunidade europeia se organiza, a comunidade árabe faz o mesmo, criando o Centro Israelita Marroquino.

1910 – Criada a Sinagoga Beirutense por imigrantes judeus árabes originários de Beirute, no Líbano. Existe até hoje. Diz a história oral, ter tido sua primeira sede numa pequena e pobre casa no Morro do Castelo, área praticamente favelada naquele momento.

1910 – Rabino Chaim Kratkovsky contratado pela sinagoga da ABFRI. Foge de navio em 1913, alertado de que seria preso acusado por ser cafetão. A prisão de estrangeiros por qualquer acusação resultava em extradição sumária como ato policial e não judicial. Inexistia apuração, apenas acusação.

1912 – Fundada a Achi Ezer (irmandade de auxílio, ajuda ao meu irmão), com biblioteca e teatro amador, depois Sociedade Beneficente Israelita de Amparo aos Imigrantes – Releif, na praça Onze, sob a presidência de Jacob Schneider. No final dos anos 1920 se mudou para a rua São Cristóvão 189, hoje rua Joaquim Palhares, onde funcionava também um curso de português para imigrantes. O ensino de português era uma agenda nacionalista judaica, oposta pelos idichistas, que pregavam a manutenção do ídiche como língua comum entre os judeus europeus. (foto)

1912 – Fundada a Biblioteca Sholem Aleichem – BIBSA – na rua São Leopoldo 13, depois na rua Júlio do Carmo. No início dos anos 1920 foi para um sobrado à rua Senador Euzébio 57, Praça Onze. Livros em ídiche, russo e hebraico. Possuiu um bem-sucedido grupo teatral meio século, pelo menos. Era uma instituição sionista até 1927 quando seus associados judeus de esquerda assumiram a presidência pelo voto legítimo em assembleia e os dissidentes sionistas fundaram a Biblioteca Hatchia (Renascença) quase ao lado no número 44 da Senador Euzébio. A BIBSA se transformou em ASA – Associação Sholem Aleichem com a derrubada da Praça Onze, em 1941, indo para a Rua São Clemente em Botafogo, onde está até hoje.

1913 – Chega ao Rio de Janeiro seu primeiro rabino ortodoxo, dissociado da prostituição. Chamava-se Yehuda Leib Schereschevsky. Segundo a história contada por sua neta, ficou sem comer carne até 1923, por não aceitar a kashrut (as normas alimentares judaicas de higiene) que existiam por aqui, pois o responsável era o rabino David Solomon Epstein (da ABFRI), e os que ele formou. (foto)

1913 – Fundada a organização sionista Tiferet Sion (A Beleza de Sion) no Rj, por Jacob Schneider. Esta teria sido a primeira tentativa de organização político comunitária dos judeus no Rio de Janeiro. Presidentes em 1914, José Davi Peres e em 1917, Sinai Elikovirch Faingold.

1913 – Criada a Sinagoga Sidom, da Sociedade Israelita Síria à rua Senhor dos Passos (n/d) depois na rua Buenos Aires 290. Em 1930 foi para a rua General Câmara 351, com as obras da pres. Vargas, mudou-se para a rua Conde de Bonfim 512 e depois para o 521 Existe até hoje.

1913 – Criada a Sinagoga da Congregação Hadas Bnei Israel na rua Senhor dos Passos 51 (lado árabe da cidade), depois rua de Santana 40 (Praça Onze). Hadas em hebraico é a planta mitrilo, uma das quatro espécies de Sucot, nome muito utilizado para sinagogas em todo o mundo no século 19.

1913-set – Estreia no Teatro Pholitheama, à rua Visconde de Itaúna 443 (Praça Onze) a Cia Israelita de Operetas, Dramas e Comédias, dando início às primeiras duas décadas de teatro ídiche no Rio de Janeiro, sempre com muito sucesso. A grande questão daquela época é que os patrocinadores do teatro ídiche eram os cafetões judeus e por isso, a medida em que a sociedade judaica foi se avolumando, aconteceram conflitos. Portanto, existiram as peças de teatro patrocinadas pela prostituição (que era absolutamente legalizada, mas a função de cafetão era proibida), e as peças da BIBSA, da comunidade judaica, digamos convencional. Há ampla documentação de ambas, em jornais, arquivos e na biblioteca da ASA. As peças produzidas pelo ramo da prostituição foram aos palcos dos melhores e maiores teatros do Rio de Janeiro. Jornais escreveram: “Como pode estar lotado um teatro onde não se entende uma só palavra do que é dito?”

1914 – Fundada a sinagoga Beth Iacov (ou Yaacov. Registrada como Associação Beth-Jacob, Casa de Jacó) na Praça Onze, na rua São Pedro, depois no número 130 da Rua Visconde de Itaúna, com o rabino Leib Schereschevsky. Em 1930 teve seu último endereço rua de Santana 32. Seu registro público se deu em 15/jun/1916 e foi dissolvida em 1935.

1916 – Fundada a primeira escola judaica religiosa por Saadio Lozinsky, professor austríaco sionista, no estilo Cheder, ou seja recebendo os alunos em sua própria casa.

1916-jan-14 – José David Peres edita no RJ o jornal A Columna, em português, junto com o jornalista não judeu Álvaro de Castilho, publicado até dezembro de 1917. Tratava-se de uma publicação de caráter nacionalista, mas também sionista. Publicado na primeira sexta de cada mês Todos os exemplares podem ser acessados pela internet no site do Museu Judaico do Rio de Janeiro. (foto)

1916 – O jornal A Columna era intimamente ligado à Tiferet Sion. Em um de seus primeiros números traz a decisão de uma assembleia onde a comunidade judaica daquele momento decidiu pela total separação entre europeus e árabes, alegando as diferenças de língua, de costumes, de cozinha e do culto judaico. Portanto, a separação parcial que perdura até os dias de hoje, não é acidental ou por questões étnicas, e sim uma decisão política conscientemente discutida e tomada através do voto pelos líderes de todas as instituições judaicas existentes no ano de 1916. (foto)

1916 – Fundado o Comitê Central de Socorro às Vítimas da Guerras, no RJ, fazendo parte de um esforço internacional iniciado nos Estados Unidos. Visava arrecadar dinheiro para ajudar os judeus da Europa Oriental que ficaram na linha de fogo entre o Império Austro-Húngaro e a Alemanha, contra o Império Russo. Os combates se deram exatamente na região conhecida como Pale, estabelecida pela Imperatriz Catarina da Rússia em 1790, para servir de região tampão entre os impérios, onde os judeus foram instados a fixarem residência sob uma pretensa, mas irreal liberdade. Em 1880, quando as leis contra os judeus são endurecidas e começa o grande êxodo do Pale para as Américas, há mais de 8 milhões de judeus vivendo lá, entre a Estônia ao norte e a Crimeia ao sul. É o centro da vida judaica do século 19.

1916 – A ABFRI adquire a área de indigentes do Cemitério Municipal de Inhaúma, disponibilizada pelo prefeito a pedido do Centro Israelita no ano de 1912, mas a comunidade não conseguiu levantar o capital necessário para efetuar a aquisição. Conforme artigo publicado em A Columna, sem citar o cemitério “das polacas”, compreende-se que todo o dinheiro arrecadado até 1916 foi aportado ao fundo internacional para as vítimas de judias de guerra. O jornal traz a lista nominal de todos os doadores e valores. Este é o motivo pelo qual a ABFRI comprou Inhaúma e não o Centro Israelita. Não havia qualquer possibilidade de integração entre a minoria voltada para prostituição e bojo da Comunidade. Até 1920 havia duas opções básicas para enterros judaicos no RJ. Ou na área de acatólicos, misturada, no cemitério de São Francisco Xavier, ou no cemitério da ABFRI, absolutamente judaico, o único com quadras separadas para homens e mulheres. Há 770 túmulos de judeus lá, dos quais pouco mais de 250 são homens. O cemitério e a ABFRI tinham um negócio funerário legítimo e os sepultamentos lá não são apenas de prostitutas, muito pelo contrário. Alguns poucos judeus ilustres, ligados ao governo estão sepultados no Cemitério Público do Catumbi. Enquanto algumas centenas repousam no São João Batista, cemitério público que “sepulta pessoas”, sem levar em conta a religião delas, portanto, todos absolutamente misturados. (foto)

1917 – Em documento da Tiferet Sion são citadas as seguintes instituições judaicas: Comitê de Organização do Primeiro Congresso Judaico do Brasil, Caixa de Empréstimos, Comitê em Prol das Vítimas de Guerra, Sinagoga Beth Iaakov, Sinagoga Mahazikei Hadas (Apoiadores da Lei-judaica). Outro documento de 1919, encontrado em SP, acrescenta as seguintes entidades: Biblioteca Judaica, Centro Sionista Ahavat Sion (Amor por Sion), BIBSA (Biblioteca Scholem Aleichem, Sinagoga Hadas Israel, Sinagoga Ezras Israel, e Sociedade dos Israelitas Sírios. Ambos, deixam várias instituições e sinagogas de fora.

1917 – O Centro Israelita do Rio de Janeiro presido por Zigmundo Jaimovich lança uma campanha de arrecadação e capitalização. 29 judeus entraram cada um, com 5 contos de réis (5.000$000, totalizando 150.000$000). As ambições eram de construir uma comunidade completa: templo, colégio, prédio para reuniões e conferências, hospital e lar para órfãos. Assim que pode, criou a Chevra Kadisha, comprou o terreno para o Cemitério Israelita de Vila Rosali e encerrou o monopólio de enterros da ABFRI (das polacas) iniciado em 1916. Entre outubro de 1918 e janeiro de 1920 o objetivo de todos era apenas sobreviver à Gripe Espanhola que matou 34.600 pessoas no Rio de Janeiro (então com 990.000 habitantes). Achava-se que era um número enorme até a pandemia de covid-19 iniciada em dezembro de 2019.

1917 – Fundada a Associação União Israelita de Niterói.

1919 – Fundado o Iuguend Bund (Clube Juventude Israelita), na Praça Onze, funcionando das 16 às 24h com finalidade de ser um lugar de encontros para jovens da comunidade. Era o endereço dos intelectuais. Funcionou até 1929.

1920-mar-1 – É criada a Chevra Kadisha do Rio de Janeiro, como Sociedade do Cemitério Israelita do Rio de Janeiro, à rua Visconde de Itaúna esquina com rua do Santana. Não havia possibilidade de terreno no distrito federal então a opção foi adquirir em São João do Merity, no bairro afastadíssimo denominado Vila Rosali. O movimento para a criação da instituição funeral e aquisição do terreno partiu do Centro Israelita do Rio de Janeiro e da Sinagoga Beth Iacov, dirigida pelo rabino Leib Schereschevsky. Seu primeiro presidente foi Anno (Hano) Lent (o mesmo que criara o Centro dez anos antes), e o vice era Boris Kushnir. A prefeitura de São João do Merity entendeu que judeus não exumam seus mortos, entendimento este, que só seria compreendido e adotado pela prefeitura do Rio de Janeiro em 1925. Os túmulos anteriores a 1925 nos cemitérios públicos costuma ter letras indicativas (EPPS) ou o termo ‘está pago para sempre’, alternativa encontrada para indicar que não deveria haver exumação. O percurso para Vila Rosali era feito por trem partindo a estação Francisco Sá (derrubada para a fábrica de concreto das obras do metrô para Ipanema e Barra da Tijuca) e o asfaltamento dos acessos aconteceu apenas em 1963, por ação direta do deputado Gerson Berger.

1920s – vários grupos de estudantes e jovens, também chamados de clubes foram criados. Liga Pró Eretz Israel Obreira filiada a Histadrut, por Marcos Kauffman; Mizrahi (partido religioso) de orientação árabe; e Hitachdut (União) de orientação liberal.

1921-nov-02 – Fundado o CIB – Centro Israelita Bené Hertzl (Filhos de Theodor Herzl) por judeus de origem sefaradita turca, por Salvador Silvain Hazan, instituição absolutamente sionista.

1922 – A Tiferet Sion se transforma em Federação Sionista do Brasil e realiza o Primeiro Congresso Sionista no Brasil com a participação de apenas quatro entidades não nominadas.

1922 – Fundada a escola judaica, a Maguen David (Escudo de David), pelo professor José David Peres. Depois se transformou em Ginásio Maguen David e posteriormente Colégio Hebreu Brasileiro, na rua Desembargador Izidro, 68. Em 1963, o nome ainda existia como Escola Primária Maguen David.

1922 – Fundada a Biblioteca Popular David Frischman, em Niterói, hoje ADAF – Associação David Frischman de Cultura e Recreação, cuja sede definitiva foi inaugurada em 1967. David Frishman (1850-1922) foi um escritor e poeta hebraísta do Império Russo e depois da União Soviética, que iniciou a carreira traduzindo obras clássicas de Shakespeare, Haime, Ibsen, Nietzsche e outros para o ídiche e para o hebraico. Foi autor de dezenas de livros e é considerado um dos país da renovação da língua hebraica.

1923 – Fundado o Froein Farain – A Sociedade das Damas Israelitas, por Sabina Schwartz, na Tijuca onde permanece como lar para idosos. Sua motivação inicial era remover e acolher as jovens e mulheres judias que estavam na prostituição integrando-as à comunidade.

1923 – Fundado o clube Kadima (Avante), de caráter apartidário, na sede do Relief. Anos depois de se transferiu para a sede da Federação Sionista, a rua Senador Euzébio 132 sobrado (dissolvido em 1927).

1923-nov-15 – Fundado o jornal Dos Idiche Vochenblat (O Semanário Israelita) por Aron Kaufman. De linha sionista, funcionou até 1927, na rua Visconde de Itaúna, 120.

1923-nov – fundada a sinagoga Beth Israel (Ysroel, na rua do Santana, 12, por dissidentes da Beth Iaacov. Foi a primeira sinagoga do Rio a ter sede própria construída como sinagoga em estilo europeu oriental (demolida pelas obras do metrô em 1974) (foto)

1924 – A União Beneficente Israelita se transforma na sede local do JCA.

1924 – Chega ao Rio de Janeiro o rabino Isaias Rafallovitch (1870-1956) contratado pela JCA para ser o novo rabino-chefe, inicialmente trabalhando junto com o rabino Marcos Guertzenstein e depois sozinho. Foi rabino-chefe do Brasil entre os anos de 1924 e 1935. Uma das agendas deste segundo grão-rabino era a construção de um templo israelita nos moldes europeus e isso começa a se tornar realidade no ano seguinte.

1925 – Fundado o Centro Israelita de Niterói em um primeiro endereço, abrigando também uma escola em ídiche. Alguns anos depois, mudou-se para o local onde está até hoje. É a única sinagoga da virada dos anos 1920 para 1930 que restou em sua forma e edificação original. Enquanto foram realizados sepultamentos no Cemitério Israelita de São Gonçalo, a capela da Chevra Kadisha de Niterói funcionava numa casa nos fundos do terreno da sinagoga.

1925 – Inaugurado o Cemitério Israelita de São Gonçalo, no sub-bairro nomeado de Vila Iara, então fora da cidade. O primeiro sepultamento foi em 1927. É administrado pelo Centro Israelita de Niterói. Possui um pequeno memorial dedicado às vítimas do Holocausto.

1926 – Fundada a Organização Feminina Sionista Wizo.

1926 – Fundada a União dos Prestamistas, para defender os interesses dos Klienteltschiks e teve curta duração. Não se tratou de um sindicato para os judeus que vendiam de porta em porta e introduziram o crediário, anotado em pedaços de papel de pão, prática depois adotada por todo o comércio.

1927 – Fundada, em Rosh Hashaná a Sinagoga Tiferet Beth Israel em Nilópolis (Beleza da Casa de Israel), prédio ainda existente, se bem que abandonado.

1927-out-15 – Fundada a Organização da Juventude Sionista Hatchia (Renascença) com o objetivo de congregar jovens sionistas russos, poloneses e palestinos. Também era chamada de Sociedade Sionista ou Federação Sionista. Ligada à Bené Herzl e clube Azul e Branco, ambos sionistas sefaraditas. Precisou mudar de nome, devido ao decreto lei 383 de 18/abr/1938, para Biblioteca Chaim Nachman Bialik, na Praça Onze e depois em um andar de prédio moderno à rua do Rosário 171.

1927 – Fundado o Comitê Central do Partido Poalei Sion (Trabalhadores de Sion), partido político da Polônia, de caráter sionista-socialista. Seria depois institucionalizado pelos judeus fora da Polônia, como o MAPAI – Partido dos Trabalhadores do Estado de Israel (1931), fundador do país tendo-o dirigido até 1969.

1927 – Fundado o Centro Operário Morris Vintschevky, comunista, num sobrado a rua Visconde de Itaúna. Promoveu campanha de arrecadação financeira para o estabelecimento de judeus na Criméia, em Birobijan e na Sibéria. Ao que consta, todas as ações de arrecadação obtiveram valores irrelevantes. Mas mostra uma gama pouco conhecida da esquerda judaica mais radical daquela época. Havia os que lutavam por criar um Israel socialista, os que lutavam por criar um Brasil comunista, os que lutavam para enviar os judeus para Birobidjan e ainda, os que pretendiam que cada país ocidental possuísse uma área autônoma judaica como Birobidjan. As duas últimas tendências se diluíram em poucos anos. O Oblast (região) Autônomo Judaico de Birobidjan (Birobidzhan) criadopor Stalin em 1934 ainda existe no mesmo formato, abrigando hoje 75.000 habitantes, dos quais 2.000 são judeus. No auge, chegou a ter 30.000 judeus.

1927 – Fundada a Sociedade dos Judeus Poloneses, de orientação de esquerda.

1927 – Fundada a Guemilut Hessed Farain (Sociedade de Empréstimos a Favor) por um grupo de judeus ortodoxos. Teve longa duração e bons resultados. Empréstimos sem juros.

1927 – Fundado o jornal Di Idishe Folkstsaitung (A Gazeta Popular Judaica) bi-semanal e diário a partir de 1935. Foi fechado pelo DIP em 1941. Em ídiche.

1927 – O jornal Dos Idiche Vochenblat se transforma no Brazilianer Idishe Press (Imprensa Israelita Brasileira), na rua do Santana 40, bissemanal circulando até novembro de 1929. Em ídiche.

1927 – O jornal Idische Volkszeitung (O Jornal do Povo Israelita) é criado por Eduardo Horowitz, dissidência do Dos Idiche Vochenblat, na rua Visconde de Itaúna, 67. Em ídiche.

1927 – Fundado o jornal Di Neie Welt (O Novo Mundo), por Adolfo Kishinovski, dedicado a contos, pequenas novelas e críticas literárias. Em ídiche.

1927 – Fundado o jornal Unzer Leben (Nossa Vida) também por Adolfo Kishinovski e Natan Ferman. Em ídiche.

1927 – Fundados os jornais Kadima (Avante) em hebraico e Di Yugent (A Juventude) em ídiche pelo movimento juvenil Kadima. Foram editados por dois anos até o final de 1929.

Também foram criados, nos anos 1920, sem data encontrada até o momento, os jornais em ídiche Der Onhoib (O Começo) dos partidários do sionismo e, Di Kraft (A Força) dos partidários do comunismo.

1928 – Fundada a Escola Sholem Aleichem pela esquerda judaica na Tijuca (encerrada em 1997 e absorvida pelo Colégio A. Liessin). Seu primeiro diretor foi o escritor Eliezer Steimbarg, trazido da Romênia, mas ficou pouco no BRASIL, até 1930. Solomon Naumovich Rabinovich (1859-1916) foi o maior autor e dramaturgo em ídiche de nossa história. É mais conhecido pela estória de Tevie o Leiteiro, que foi aos teatros e cinemas como Um Violinista no Telhado. Em 1888 filiou-se ao partido Hovevei Zion (tradução livre: Aqueles que Aman Sion), e foi delegado norte-americano no Oitavo Congresso Sionista, em Haia, no ano de 1907.

1928 – Fundado o Banco Israelita Brasileiro. No regime Militar em 1964 o BIB foi incorporado pelo Banco Nacional de Minas Gerais.

1928-jul-19 – O rabino chefe Isaias Rafalovitch e Salvador Silvain Hazan lançam a pedra fundamental do prédio da rua Conselheiro Josino, 14, que viria a ser o principal endereço da Comunidade Judaica pelas três décadas seguintes. (foto)

1928 – Fundado o Lai Sparr Casse (Caixa de Empréstimos e Poupanças) uma mini caixa-econômica, em sistema cooperativo sem fins lucrativos. Existia no início dos anos 1990.

1928 – Fundada União Beneficente Israelita Maguen David também conhecida como Sociedade das Damas Orientais do Brasil, sem sede. Em 1929 foi acolhida à rua Conselheiro Josino 14, depois à rua Conde de Bonfim 512, depois rua Conde de Bonfim 521 em conjunto com o Templo Sidom.

1928 – Criada a associação Iidishe Iugend Haim (Grêmio Juventude Israelita). Funcionou até 1934.

1929-jan-19 – Primeiro Congresso de Professores (Judeus) no Brasil, no Rio de Janeiro, compareceram 32 professores de 19 escolas judaicas. Havia 24 comunidades judaicas no país, com 27 escolas e um total de 800 alunos. Em 1956 havia 5.000 alunos em 40 escolas e 100 professores.

1929-jun-16 – Inaugurado o prédio o Centro Israelita Bené Hertzl (Filhos de Theodor Herzl – CIB) na rua Conselheiro Josino, 14, presidente Salomão Silvain Hazan. Localizado a menos de 30 metros do local onde seria construído do Grande Templo Israelita, do Centro Israelita Brasileiro. Foi o primeiro edifício em concreto armado da capital e sua inauguração teve a participação do presidente da república Washington Luis. Ao longo das décadas foi a sede de inúmeras instituições judaicas, inclusive da F.S.I.R.J – Federação das Sociedades Israelitas do Rio de Janeiro, em 1947 (atual FIERJ), emprestando suas salas, endereço e salão de festas. A sinagoga Beth El (Casa de Deus) era composta por um aron ha kodesh colocado no salão de festas, utilizado quando necessário. Se tornou o centro de palestras para a Comunidade Judaica, tendência que o CIB em Copacabana manteve. Foi demolido para a expansão do hospital INCA, desnecessariamente. Mas a indenização permitiu obter a maior parte dos fundos para a mudança para o bairro de Copacabana. Inicialmente no endereço onde hoje é o Barilan, com quadra de tênis, e depois onde está na Barata Ribeiro. Conselheiro Josino 14, foi o endereço mais emblemático da Comunidade Judaica do Rio de Janeiro. Funcionou até 1958. A distância da esquina da Tenente Possolo com Conselheiro Josino até as áreas residenciais judaicas da Praça Onze era de uma leve caminhada. (foto)

1929 – Clube Azul e Branco (feminino de origem sefaradita, de 1929 a 1946 no Centro Israelita Brasileiro Bené Herzl, rua Conselheiro Josino 14) dedicado inteiramente a eventos de dança e entrosamento entre os jovens.

1929 – Passeata de 3.000 judeus sob o comando do jornalista Aron Bergman, organizada pela Hatchia, contra a passividade do governo brasileiro em relação aos pogroms movidos por árabes instados por Haj Amin al Husseini, o mufti de Jerusalém, que aconteciam contra os judeus na Palestina do Mandato Britânico. Foi da Praça Onze até a embaixada da Inglaterra, parando defronte a cada prédio dos jornais, para entregar um manifesto e ser fotografada. Recebeu publicação geral na mídia da capital. Foi a segunda manifestação sionista de rua no Brasil. A primeira foi em Belém do Pará. Efraim Geiger aproveita a mobilização e lança a Biblioteca Yossef Chaim Brener, escritor judeu considerado um dos pais da literatura hebraica moderna, assassinado no Pogrom de Jaffa em 1921. (foto)

1929 – Inaugurada a Sinagoga Iavne do movimento religioso árabe Mizrahi na rua Senador Eusébio 132, em cima do cinema Rio Branco, na Praça Onze. Nas festas alugava o salão da Banda Portugal. No início dos anos 1940 foi para a rua Júlio do Carmo 12, na antiga sede da BIBSA onde permaneceu até 1961.

1929-jul-28 – Fundado o Centro Israelita do Subúrbio da Leopoldina, em assembleia com a presença de 23 pessoas na casa de José Koifman, na Rua Leopoldina Rego, 397.

1930 – Criado o Comitê de Caridade Maot Chitim na Sinagoga Iavne na rua Júlio do Carmo 12, depois na avenida Gomes Freire (n/d), ainda existe.

1930s – O Relief cria a Policlínica Israelita onde hoje está o Hospital Israelita Albert Sabin, na Tijuca.

1930s – No início da década, fundada a Biblioteca I. L. Peretz na Praça Onze com curta duração e o Colégio I. L. Peretz em Madureira. Homenageia o escritor e autor teatral em ídiche Itzhok Leibush Peretz (1852-1915)

1930 – Remanescentes do Clube da Juventude Israelita criam o Lar da Juventude Israelita à rua Hadock Lobo 142.

1931-set-16 – Inaugurado a sinagoga da Sociedade Beneficente Israelita Bené Sidom, à Rua General Câmara 351, em prédio construído como sinagoga, mudando-se de seu segundo endereço num sobrado à rua do Hospício (Buenos Aires). Seus associados foram em cortejo entre o endereço velho e o novo, com o grão-rabino Isaias Rafallovitch carregando a Torá pelas ruas do centro da cidade. O mobiliário desta sinagoga ainda existe e está em uso, na pequena sinagoga nos fundos do Templo Sidom na Tijuca. (foto)

1931 – Fundada a Escola Israelita S. Ans-ski, em Nilópolis. Era uma escola complementar para o iídiche, torá e história judaica, formando com a Sinagoga  do Centro Israelita de Nilópolis, a Wizo, o grupo de teatro, o clube Macabi com seu time de futebol, a Chevra Kadisha e o cemitério, as instituições judaicas daquela cidade. Adotou o pseudônimo do escritor em ídiche Shloyme Zanvl Rappoport (1863-1920). Seu maior sucesso foi o livro que virou peça, Dibuk, publicado somente 6 anos após sua morte. Foi um ativista político comunista e foi eleito para a assembleia constituinte russa como um deputado Socialista-Revolucionário após os sovietes bolchevistas tomarem o poder.

1931 – Fundado o jornal Idische Press (Imprensa Israelita) por Aron Bergman e partidários do partido trabalhista judaico polonês, o Poalei Sion. Circulou até ser fechado pelo DIP em 1941 caindo na portaria de proibição de jornais em língua estrangeira. Voltou a circular em 1945. Com a morte de Aron, Samuel Malamud assumiu a direção em 1946. Em fevereiro de 1951 foi contratado o jornalista David Markus. Em ídiche.

1932 – Lançamento da Pedra Fundamental do Grande Templo Israelita pelo pres. da república Washington Luiz. Realização do Centro Israelita do RJ. Foram vendidas as pedras para a construção dos alicerces com os nomes dos profetas de Israel. A meta de arrecadação foi amplamente superada. Em 1933 houve Rosh Hashaná e Iom Kipur no primeiro andar que já estava pronto, hoje é o salão do subsolo. Projeto do arquiteto italiano Mario Vodret.

1932-mai-31 – Empossada a primeira diretoria da Irmandade Israelita Cadisha, da colônia Sírio-Libanesa, à Rua Regente Feijó, 142. Presidente, Carlos Dutra; vice, Moysés Cohen; secretários, Marcos J. Nigri e Macro Cambaj; tesoureiros, Elias H. Nigri e José Cohen; procuradores, José Dana e Carlos D. Zeitune. Não há outros dados.

1932 – Primeira aliah (imigração, então para a Palestina do Mandato Britânico) de jovens judeus do RJ, pertencentes à Hatchia: B. Zagamik, Aron Spilberg, Manoel Goverman, Issachar Haimson, H. Rudniztki e Chapira.

1932 – O jornal Di Neie Welt publica a primeira novela escrita em ídiche no Brasil: Neie Heinmen (Novos Lares).

1932 – A revista Ilustração Israelita circulou durante um ano registrando a vida judaica no Rio de Janeiro, por Adolfo Aizen.

1933 – Após Adolf Hitler assumir constitucionalmente o poder na Alemanha, começa a emigração dos judeus alemães que entenderam a situação. No segundo semestre de daquele ano, os primeiros imigrantes judeus alemães deste novo fluxo, intensificado no ano seguinte, se unem numa associação denominada Centro 33 (também conhecido por Clube 1933), aludindo ao ano da imigração, localizado à rua Marques do Paraná, no Flamengo. Até 1937 foram acolhidos no Brasil 8.000 judeus alemães. O Centro 33 iria formar a ARI – Associação Religiosa Israelita.

1933-nov-25 – Fundada a C.I.B. – Confederação Israelita Brasileira, à rua Conselheiro Josino, 14. Seu objetivo era uma entidade oficial interlocutora com o governo Vargas. Foi acusada de ser fascista pelas entidades de esquerda judaica. Existia um lema comunista naquele momento: “Catete x Cacete”, onde a luta era pela revolução de fato. Tomavam cacete da polícia, comunistas sem distinção de serem judeus ou não. A C.I.B. foi fundada com a presença de 450 pessoas, tendo como primeiro presidente, o advogado Marcos Constantino. O vice era Jacob Shneider e os outros diretores foram Emanuel Galano, Jacques Schweidon e o capitão Levy Cardoso. Este foi oficial superior da FEB, participou posteriormente do Regime Militar de 1964 chegando ao posto de Marechal. Converteu-se ao catolicismo após a guerra. A C.I.B. foi apoiada pela mídia judaica em português (nacionalista e sionista) mas duramente atacada pela mídia judaica predominante em ídiche, basicamente esquerdista. Uma das plataformas da C.I.B. era a oferta de cursos de português e profissionalizantes para os imigrantes judeus, inclusive os que já estavam aqui e os idichistas eram frontalmente contra tais iniciativas. A notícia nos jornais sobre a assembleia nos mostra exatamente como era a questão linguística no final de 1933: “Jacob Schneider precisou discursar em ídiche para todos entenderem.” A manutenção do ídiche era uma barreira contra os sefaraditas, árabes e turcos, além dos judeus já nascidos no Brasil. Em dois anos esta confederação deixaria de existir, tendo se saído vencedores os detratores dela. A CONIB, fundada em 1951, não é uma continuação da C.I.B.. (fotos)

1934 – Inaugurado o Grande Templo Israelita à rua Tenente Possolo, obra do Centro Israelita do Rio de Janeiro. Quando a sinagoga Beth Israel foi demolida pelas obras do Metrô em 1974, seus ativos, sócios, biblioteca, e rolos de Torá foram incorporados ao Grande Templo.

1934 – Inaugurado o Cemitério Comunal Israelita de Nilópolis na área de indigentes do cemitério municipal com o qual compartilha seu muro dos fundos. A comunidade judaica de Nilópolis começou a tomar vulto em 1920 com a chegada de imigrantes europeus para aquele município, principalmente judeus alemães, e poloneses das regiões de fala alemã, saídos da Europa devido a ascensão do nazismo.

1936 – última experiência do ICA-JCA em Resende no Rio de Janeiro, tentando alocar judeus alemães que fugiam do nazismo. A colônia nunca recebeu mais de 100 pessoas e não deu certo. Os judeus alemães eram cidadãos urbanos, nada tendo a ver com a agricultura. Foi desapropriada para a construção da Academia Militar das Agulhas Negras em 1942.

1938-abr-18 – Decreto Lei 383, da Presidência da República (governo Vargas) “Veda a estrangeiros a atividade política no Brasil, Art. 2º É-lhes vedado especialmente: 1 – Organizar, criar ou manter sociedades, fundações, companhias, clubes e quaisquer estabelecimentos de caráter político, ainda que tenham por fim exclusivo a propaganda ou difusão, entre os seus compatriotas, de ideias, programas ou normas de ação de partidos políticos do país de origem.” Deste modo todas as instituições sionistas e comunistas ou precisaram fechar ou mudar seus nomes e estatutos. Não é uma lei voltada aos judeus, mas a todos os estrangeiros no Brasil. Até os anos 1990 ainda havia muitos imigrantes que possuíam carteiras de identidade de estrangeiro, jamais tendo se naturalizado. Outro decreto, de nacionalização da língua, exigia o uso do português em público e em todas as escolas. A agenda voluntária prevista pela C.I.B. e detonada pela comunidade, agora seria imposta como lei.

1938-nov-15 – Grande operação da polícia prende dezenas de integralistas e comunistas no Rio de Janeiro. Entre os segundos, vários judeus. As prisões de judeus comunistas não eram dissociadas das prisões de comunistas não-judeus. (foto)

1938 – Fundado o programa de rádio “A Hora Israelita” conhecido por “Hora Idish”, por Jacob Parnes, sucedido por seu filho, Milton Parnes. Na primeira década ia ao ar nas terças e sextas das 20h às 21h e no domingo da 13h às 15h pela rádio Mauá. Percorreu vários canais e ficou décadas na Rádio Relógio federal. Foi uma referência para a Comunidade Judaica do RJ e encerrou suas atividades no início dos anos 1980. Em português.

1938 – União Sociedade Israelita Alemã à av. Rio Branco 9 (nenhum outro dado).

1939 – Fundado o Altherein (Lar para Idosos) pela União, na Rua Alice.

1939-ago-30 – Fundado o Lar da Criança Israelita, à rua General Canabarro 303 (foto)

1939-jan-30 – Fundado o Clube dos Cabiras na rua Conselheiro Josino 14 e depois na rua Álvaro Alvim 21, na Cinelândia. Foi o primeiro a produzir grandes bailes de Carnaval na comunidade. Apesar do caráter absolutamente stalinista de sua diretoria, conforme revelado por David German, em entrevista no ano de 2017, aos 95 anos de idade, as atividades do clube eram apenas de dança. Chegou a possuir mais de 2.000 sócios pagantes. Em seus bailes, foram iniciados namoros que levaram a centenas de casamentos na Comunidade. David German foi um dos fundadores e quem deu o nome ao clube de dança. ‘Cabiras’, segundo as lendas gregas eram os poderosos que deram início a todas as coisas, inclusive aos deuses. Outro dos três fundadores foi David Lerner. German lembrava-se apenas do sobrenome Hoinef, do terceiro fundador. Outro nome que restou na história documental é o do dr. Nissin Castiel, secretário em 1942. (foto)

1940-nov-29 – Hatchia autorizada a voltar a funcionar como Biblioteca Bialik.

1940 – Aron Neuman compra o pequeno título ‘Aonde Vamos, Hoje’ e o troca para ‘Aonde Vamos’ sendo uma publicação em português, de esquerda judaica dentro do governo Vargas, e desapareceu no início dos anos 1970. Era uma publicação intelectualizada e de alto nível. Em português. (foto)

1940 (data não estabelecida) – Fundada a Escola Mendele Mocher Sforim em Olaria, à Rua Filomena Nunes. Na sede do Centro Israelita da Leopoldina. Era uma escola primária. Fazia parte das instituições judaicas os subúrbios da Leopoldina, numa época em que havia forte presença judaica em Olaria, Madureira, Penha, Vila da Penha, Cordovil, Ramos e Higienópolis. Funcionou até o final dos anos 1960. Mendele Mocher Sforim (1836-1917), nascido Sholem Yankev Abramovich é considerado “o avô da literatura ídiche). Especializado em sátiras e crônicas, é um dos mais interessantes e menos conhecidos. O salão do Centro serviu como sinagoga, até a inauguração da Sinagoga de Olaria, à rua Juvenal Galeno em 1942. No mesmo salão ainda coabitaram a Biblioteca Simon Dubnow, o Grêmio Cultural e Recreativo Stefan Zweig, e os movimentos juvenis Dror e Hashomer Hatzair locais, ao longo dos anos.

1940 – Por interferência do Vaticano, o Brasil recebe 3.000 judeus alemães convertidos ‘oficialmente’ ao catolicismo. Boa parte deles teve como destino as cidades do Rio de Janeiro, Petrópolis e Friburgo. A maioria das famílias, por medo justificado ou por conveniência jamais retornou ao judaísmo após o fim da guerra, existindo várias famílias católicas com sobrenomes absolutamente judaicos.

1941 – Uma cisão do Cabiras formou o terceiro Grêmio Cadima (Avante) que se reunia no Hotel Elite. Também com finalidade de dançar e promover o encontro de casais judeus.

1941 – Despacho do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda do governo Vargas, amplia a proibição de jornais e revistas em língua estrangeira contida no decreto lei 406 de 1938 que as proibia apenas numa faixa de 150 km a partir das fronteiras terrestres brasileiras, para todo o território nacional. Com isso todos os jornais em ídiche precisaram fechar. O Brasil possuía inúmeros jornais em alemão, inglês, francês, japonês e até mesmo árabe. Todos foram fechados. Não se trata de uma lei contra os judeus. Um despacho anterior, com duração de menos de um ano, exigia que todas os textos em língua estrangeira nos jornais tivessem, ao lado, a tradução em português.

1943 – Estabelecido o ORT – Obchestvi Rasprostranienia Trudá (Sociedade Para Divulgação do Trabalho) no Brasil, ramo local da entidade educacional profissionalizante judaica criada em 1880 em São Peterburgo autorizada pelo Czar Nicolau da Rússia. Na Rua Maxwell 768. Hoje está em Botafogo, a rua Dona Mariana 213.

1944-nov-12 – Inaugurada a sinagoga em sede própria (casa) da ARI-Associação Religiosa Israelita, à Rua Martins Ferreira 52, em Botafogo. Desde a sua fundação, percorreu três endereços à rua Barata Ribeiro.

1944-mai – Fundada a Biblioteca Michael Klepfisz (fundada pela primeira geração dos poloneses bundistas, à rua da Constituição; praça Floriano Peixoto e em 1963 em uma sede própria à Avenida N. S. de Copacabana 690. Encontrava-se fechada e sem acesso na primeira década do século 21.

1945 – Terminada a Segunda Guerra Mundial, é anulado o despacho do DIP e voltam a ser permitidas as publicações em língua estrangeira no Brasil, bem como associações dedicadas à ideologias políticas estrangeiras. Por isso, rapidamente se criam os movimentos juvenis judaicos, todos sionistas (ideologia política absolutamente congelada durante a guerra).

1945 – Fundado o Colégio Israelita Brasileiro A. Liessim numa uma pequena casa na rua Barão de Itambi. Abraham Liessim (1872-1938) nascido Abraham Walt, na Lituânia, foi um conceituado jornalista judeu e poeta. Liessim não era um sionista, mas um nacionalista e ao longo da vida tentou definir um socialismo com base nas tradições judaicas

1945 – Fundado o Colégio Hebreu Brasileiro Bialik à rua Lucídio Lago 292, no Meier. Funcionou até meados dos anos 1970. Chaim Nachman Bialik (1873-1934 ) é considerado ‘o poeta nacional de Israel’, nascido na Ucrânia. Era filiado ao movimento Hovivei Zion e ao longo de toda a sua vida uniu as atividades literárias ao sionismo político. Em 1925, proferiu o discurso principal da inauguração da Universidade Hebraica de Jerusalém.

1945 – Criado o movimento juvenil Betar de orientação de direita política, ligado ao Movimento Sionista Revisionista na rua Sete de Setembro quase na Praça Tiradentes. Encerraria suas atividades no RJ em 1971, retomando-as em 2018. O sionismo revisionista prega a retomada dos princípios originais de Theodor Herzl.

1945 – Criado o movimento juvenil Hashomer Hatzair de orientação sionista de esquerda por Moisés Glatt.

1945 – Criado o movimento juvenil Dror de orientação sionista de esquerda, os movimentos juvenis Bnei Akiva (sionista religioso), Ichud Habonim e Gordonia (Aaron David Gordon, sionismo prático e trabalhista).

1945 – Criada a Colônia Kinderland (Terra das Crianças), construída em Sacra Família do Tinguá (interior do Rio de Janeiro) pela comunidade judaica comunista através da Organização Feminina Vita Kempner – hoje é administrada pela ASA. Sua função inicial foi dar um lar e local de recuperação para órfãos judeus sobreviventes do Holocausto.

1946 – Fundado o Instituto Israelita Brasileiro de Cultura e Educação.

1947-jun-30 – Fundada da F.S.I.R.J. – Federação das Sociedades Israelitas do Rio de Janeiro, à rua Conselheiro Josino 14, com a participação de 42 entidades filiadas. O primeiro presidente foi o químico mundialmente famoso Fritz Feigl. A assembleia foi dirigida pelo rabino Henrique Lemle, da ARI. Hoje é a FIERJ.

1947-out-12 – Inaugurado o Memorial dos Mártires, no Cemitério Israelita de Vila Rosali, o primeiro memorial às vítimas do Holocausto nas Américas.

1948-out-10 – Lançada a pedra fundamental da sede própria da Sinagoga Shell Gemilut Hassadin, à rua Rodrigo de Brito, 37 em Botafogo. A inauguração aconteceu em 7/set/1950. A gestão foi do presidente Jomtob Azulay, que permaneceu no cargo até 1959.

1948 – Inaugurado o Cemitério Israelita de Vila Rosali Novo, da Chevra Kadsiha a um quarteirão de distância do ‘velho’.

1949 a 1952 – Samuel Malamud foi o primeiro cônsul honorário de Israel no Brasil, no Rio de Janeiro, única representação do Estado Judeu até a chegada de um embaixador oficial.

1950-jun – Fundado o Colégio Hebreu Brasileiro Max Nordau. Foi absorvido pelo Eliezer Steinbarg em 2001. Homenageia Simon Maximilian Südfeld (1849-1923), nascido na cidade de Pest, (então Áustria), médico, braço direito de Theodor Herzl e secretário dos primeiros Congressos Sionistas Mundiais. Também era jornalista e escritor com coluna publicada no Rio de Janeiro, no jornal O País, ainda nos anos 1880.

1951-set – Fundada a CONIB – Confederação Israelita Brasileira, no rio de Janeiro.

1951 – Fundada a Hebraica à rua das Laranjeiras.

1951 – Fundado o Diário Israelita, por Jacob Parnes (era semanal).

1951 – O Altherein é transferido para a Rua Santa Alexandrina

1952-abr-08 Primeiro embaixador de Israel, o general David Saltiel, apresenta suas credenciais no Brasil. A embaixada foi localizada numa casa à rua Paissandu, 134, quase esquina com a rua Marquês de Abrantes. A casa defronte à Hebraica, à rua das Laranjeiras se tornou a residência do embaixador. Ambos os imóveis foram doados ao Estado de Israel pela incorporadora imobiliária Regina Feigl, esposa de Fritz.

1953 – Criado o Lar da Velhice Israelita, pelo rabino Moisés Zinguerevitch, seu primeiro presidente. Em 1965 seriam inaugurados os prédios em Jacarepaguá, com aporte financeiro da Chevra Kadisha.

1954 – Fundada o Escola Barilan (colégio religioso, mas com ensino também secular). O nome homenageia Meir Bar-Ilan (1880-1949), nascido na hoje Bielorrússia, com o nome Meir Berlin. Foi um dos expoentes do sionismo ortodoxo Mizrahi.

1954 – Fundado o Colégio Eliezer Steinbarg como uma evolução natural do Instituto Israelita Brasileiro de Cultura e Educação.  Eliezer (1880-1832) foi escritor de fábulas em ídiche, poeta e professor, trazido da Bessarábia para assumir a direção do Colégio Scholem Aleichem em 1928.

1955 – Inaugurado o Cemitério Comunal Israelita no complexo funerário do Cajú. Em 02/mai/1953 a Prefeitura do RJ e a Santa Casa assinam acordo permitindo os judeus construírem um segundo cemitério judaico no município, em parte da área de indigentes do cemitério público de São Francisco Xavier, no Cajú. Os restos mortais dos indigentes foram removidos pela Santa Casa e o terreno rebaixado em 5 metros. O primeiro sepultamento aconteceu em 2/mai/1956. A norma católica de vender aos judeus as áreas de indigentes foi comum e aconteceu em Inhaúma, Nilópolis, Caju, Campos dos Goytacases, Salvador e Belém do Pará.

1955-jul – A Federação das Sociedades Israelitas do RJ e o prefeito do Distrito Federal, dr. Alim Pedro (1907-1975) inauguram a rua de apenas um quarteirão, em Botafogo, denominada rua Theodor Herzl, nos 51 anos da morte do pai do sionismo político.

1956 – Fundada a Sinagoga Kehilat Yakov (Comunidade de Jacó), à rua Capelão Alvares Cabral, 16 em Copacabana. A instituição foi formada por sobreviventes do Holocausto poloneses e belgas, contando, desde o início e por mais de 35 anos com o rabino Eliezer Stauber. Por mais de 20 anos antes era conhecida como o Shill dos Belgas num sobrado na rua Barata Ribeiro. Ela não é uma sequência da antiga Beth Iaacov da Praça Onze.

1957-fev-19 – Desabamento do prédio de dez andares onde se localizava a Biblioteca Bialik, à rua do Rosário 171 terceiro andar, com a destruição de todo o acervo documental, fotográfico e de objetos reunido pela Comunidade sionista até aquele momento. Também perdeu todo o seu acervo documental a Associação Francesa do ex-combatentes que tinha um andar no mesmo prédio. A Comunidade Judaica do Rio de Janeiro, possui um corte documental, semelhante ao das cidades europeias destruídas na Segunda Guerra Mundial. Este é o motivo de nos faltarem tantos dados precisos sobre as instituições judaicas anteriores, seus livros de atas, cartazes, listas de associados, fotografias e objetos: todo o patrimônio histórico da Comunidade. Total de 22 feridos e 8 mortos, entre eles Samuel Graiwer, presidente da Bialik, Shlomo Jaffe, Willie Deutcher, comerciante e seu filho Abraão Deutcher, cronista teatral da revista judaica “Aonde Vamos”. O acervo da Comunidade de esquerda política se encontrava na BIBSA e atualmente está na biblioteca da ASA.

1958 – O movimento juvenil Habomin Dror é criado com a fusão do Dror, Ichud Habonim e Gordonia.

1959-set-27 – Fundado o clube Centro Cultural Esportivo e Recreativo do Monte Sinai, na Tijuca. Posteriormente, uma sinagoga foi construída dentro de sua área.

1960 – Inauguração do Centro Israelita Brasileiro – CIB, à Rua Barata Ribeiro, após ter estado à rua Pompeu Loureiro por um período de transição. A sinagoga Beth El em Copacabana seria construída em seguida deixando ser parte em um salão, para ter prédio e autonomia.

1960-nov-15 – Fundada a Revista Menorah, cujos primeiros dois anos foram jornais tabloides quinzenais e se encontra em circulação ininterrupta (2021), por Ariel Weiner, Arnaldo Niskier, Eliahu Chut, Helio Kaltman, Moises Fuks, Paulo Aizen, Zevi Ghivelder e Henrique Weltman.

1961 – Fundado o clube Sociedade Hebraica de Niterói

1962-set-28 – Inaugurada a moderna sinagoga da ARI – Associação Religiosa Israelita, à rua General Severiano 170, num prédio com arquitetura premiada e então, o maior vão livre interno já construído no RJ além de ter sido instalado um arrojado órgão de tubos. No dia 22/dez foi inaugurada a “sinagoga pequena”, projetada para uso diário, com o mobiliário original da Martins Ferreira. Fica localizada imediatamente atrás da parede do fundo da sinagoga principal.

1964-jan-5 – Inauguração do novo prédio da Chevra Kadisha, à rua Barão de Iguatemi, 306, na gestão do rabino Moisés Zinguerevitch.

1965 – Entra no ar o primeiro programa de TV voltado para a Comunidade Judaica. Seu nome era Shalom, ao vivo pela TV Continental, apresentado por Décio Luis, produzido e estrelado por Moysés Fuks e Moysés Akerman. Permaneceu no ar, semanalmente, por quase dois anos.

1967 – Fundada a Yeshiva Colegial Machané Israel (escola religiosa para pré-formação de rabinos) pelo rabino Chaim Biniamini (sobrevivente do Holocausto) em Petrópolis, onde funciona até hoje (2021), dirigida pelo filho dele.

1967 – Criado o Centro de Estudos Judaicos no UERJ.

1974 – Inaugurado o Centro Israel Brasil Religioso e Cultural (Sinagoga Shalom e clube) no bairro Alto, em Teresópolis. Inaugurado pelo então último rabino-chefe do Rio de Janeiro, Rachmiel Blumenfeld.

1975 – Inaugurado o prédio da Sinagoga Beth Aron (Casa de Arão), mais conhecida como sinagoga da Gago Coutinho, rua do Largo do Machado. Antes ela se localizava à rua Machado de Assis. Durante a construção esteve em um período à Rua das Laranjeiras. O prédio teve um importante aporte de Chevra Kadisha.

1975 – Inaugurado um Memorial do Holocausto, composto por seis grandes pedras trazidas de um rio de Teresópolis, simbolizando os seis milhões de judeus mortos pelos nazistas, dentro do Cemitério Comunal Israelita no Caju, localizado logo após a entrada. (foto)

1977 – Inaugurado o Museu Judaico, à rua México 70, onde permanece.

1985-nov – Lançado o programa Comunidade na TV às 8h de domingo na TV Record. O programa era da FIERJ, da gestão de Ronaldo Gomlevsky, tendo como diretor Osias Wurman. Está no ar semanalmente até hoje (2021). Passou por vários canais. Se tornou uma referência para a comunidade do Rio de Janeiro. Os mais velhos o chamam de “Hora Idish”. (foto)

1987 – Se iniciam as atividades do Beit Lubavitch Rio de Janeiro com a chegada do rabino Yehoshua Binyomin Goldman e a esposa dele Chana. Funcionou em uma casa no final do Leblon por mais de 10 anos até a inauguração da sinagoga à rua General Venâncio Flores, 221. Posteriormente foram criadas a Escola Beit Menachem, na Hebraica-Rio e as sinagogas na Barra da Tijuca e Copacabana.

1989-jun – Fundada a CJB – Congregação Judaica do Brasil, por dois grupos egressos da ARI que acompanhavam o rabino Nilton Bonder e ativistas judeus residentes na Barra da Tijuca, pretendendo criar a primeira instituição naquele bairro. Nos primeiros momentos utilizaram de espaços na ASA, depois no Lar da Velhice de Ipanema e até alugar a primeira casa à rua Conde D’eu, no Leblon. A sinagoga à rua Professor Milward, na Barra, foi inaugurada em 1994.

1990 – Inaugurado o Cemitério Israelita de Belford Roxo (conhecido como de Vilar dos Teles), pela Chevra Kadisha, que a partir de então foi se tornando o principal desta geração que vai falecendo nas duas últimas décadas do século 20 e início do 21. A gestão era de Jorge Jurkiewicz e Izak Kimelblat como vice. Possui um memorial do Holocausto.

1991 – Fundado o clube Centro Cultural e Esportivo Israelita Adolpho Bloch, na Barra da Tijuca. Sua pedra fundamental foi lançada em outubro de 1993.

1997 – Inaugurado o prédio anexo da ARI com a Sinagoga Henrique Peres, para uso diário, salas de aula, bibliotecas e administração.

1999 – Fundada a Sinagoga P’nai Or, em Petrópolis por judeus que se mudaram do RJ para aquela cidade. Esta sinagoga tem as mesmas características das antigas do início do século XX por ter sido implementada em uma casa modesta.

2000 – Criado o programa Menorah na TV, por Ronaldo Gomlevsky, exibido por anos pelo canal 14 da NET-RJ (cabo) no ar até hoje (2020). O programa é semanal com uma hora de duração, caracterizado por um entrevistado apenas.

2002 – Alegando motivos econômicos Israel fecha seu consulado no RJ.

2002 – FIERJ se muda para parte do antigo consulado de Israel na avenida N. S. de Copacabana 769 na gestão de Osias Wurman.

2003-mai-7 – Fundação do Hillel no Rio de Janeiro, para aglutinar jovens universitários em moldes parecidos com os das Hillel Houses das universidades dos EUA.

2009 – Osias Wurman, ex-presidente da FIERJ é nomeado cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro.

2015-ago – Inaugurada a Sinagoga Edmond J. Safra, à rua Nascimento Silva 115, Ipanema como uma modernização da Sinagoga Agudat Israel em novo prédio moderno.

 

Sabemos que apesar de surpreendente esta lista está incompleta. Agradecemos, antecipadamente, o envio de correções, acréscimos, cópias (imagens) de documentos e fotografias que possam contribuir para a reconstrução da história da Comunidade Judaica do Rio de Janeiro.

Pesquisa, compilação e texto de José Roitberg, jornalista e pesquisador em história

Fontes resumidas: jornais de época, toda a coleção de livros dos historiadores Egon e Freida Wolf (publicados pela Chevra Kadisha), História dos Judeus no Brasil (prof. Falbel), Judeus da Leopoldina (Eliete Vaitsman), Os Judeus de Niterói (tese de Andréa Telo da Côrte), Breve História dos Judeus no Brasil (Salomão Serebrenick), Recordando a Praça Onze e Subsídio para a História dos Judeus no Brasil (Samuel Mallamud), Baile de Máscaras (Beatriz Kushnir), A História dos Judeus do Rio de Janeiro (Henrique Veltman).